Dr. Paulo Giovanni Estevam
Cirurgião, CRM nº 139768.
Formado pela Universidade de Taubaté e fez residência médica em cirurgia geral pela Universidade de Taubaté, no Hospital Regional do Vale do Paraíba e no Hospital Universitário de Taubaté.
DR. PAULO, O QUE É A VESÍCULA BILIAR E QUAL SUA FUNÇÃO NO NOSSO ORGANISMO?
A vesícula biliar é um pequeno órgão com formato de uma bolsa, localizada abaixo do fígado, estando intimamente em contato com o mesmo. A função da vesícula biliar é armazenar e concentrar a bile durante os períodos de jejum. A bile é um líquido esverdeado produzido continuamente pelo fígado e tem uma função de detergente na digestão, ajudando a tornar a gordura solúvel para que ela possa ser adequadamente digerida. Além disso, a bile também serve como um meio através do qual o fígado joga fora algumas substâncias que não servem mais para o organismo. A vesícula biliar tem uma capacidade de armazenar cerca de 60 ml de bile, mas ela absorve água dessa substância, deixando-a até 10 vezes mais concentrada. Acredita-se que essa seja a função principal da vesícula, poupar água para o organismo através da concentração da bile.
DOUTOR,QUAL A CONSEQUÊNCIA DO MAU FUNCIONAMENTO DA VESÍCULA BILIAR?
Em alguns casos, a vesícula biliar apresenta uma disfunção, que a torna capaz de produzir cálculos, as chamadas “pedras da vesícula”. Esses cálculos podem gerar dor ou não gerar quaisquer sintomas, sendo evidenciados em exames de rotina. Essa é uma das importâncias de se realizar check-ups periódicos.
Quando os cálculos geram dor, a temível cólica biliar, essa dor se concentra à direita do abdômen, logo abaixo das costelas. Essa dor ocorre em aproximadamente dois terços dos pacientes com cálculos biliares ao longo da vida. Em alguns casos, esses cálculos podem obstruir a saída da vesícula, o que faz com que as bactérias se multipliquem, causando uma infecção, a chamada colecistite aguda, que é uma indicação de cirurgia de urgência. Em outros casos, os cálculos podem migrar pelos canais da bile, causando, em sua passagem, uma inflamação, que pode resultar em uma desordem no pâncreas, chamada pancreatite aguda. A pancreatite aguda pode se manifestar em sua forma leve, exigindo internação hospitalar, tratamento e posterior cirurgia da vesícula, mas também pode se manifestar na forma grave, o que exige internação em UTI, com alto índice de mortalidade.
DOUTOR,COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DAS COMPLICAÇÕES DO MAU FUNCIONAMENTO DA VESÍCULA BILIAR?
O diagnóstico é feito, na grande maioria das vezes, através de ultrassonografia de abdômen superior ou ultrassonografia de abdômen total. Trata-se de um excelente exame para diagnosticar doenças da vesícula e vias biliares. De acordo com o resultado, o cirurgião pode solicitar alguns exames complementares para estudo das vias biliares. Geralmente, somente a ultrassonografia é necessária para se fazer o diagnóstico e definir o tratamento.
DOUTOR,COMO É REALIZADO O TRATAMENTO DOS CÁLCULOS DA VESÍCULA BILIAR?
O tratamento para os cálculos da vesícula, na grande maioria das vezes, é a retirada cirúrgica da vesícula biliar, a chamada colecistectomia, pois os cálculos representam uma disfunção da vesícula e a presença de fatores de risco, o que gera grande possibilidade de formação de novos cálculos. Atualmente, preconiza-se que a maioria dessas cirurgias seja realizada por videolaparoscopia, que, ao contrário do que alguns acreditam, não é uma “cirurgia a laser”. Nessa modalidade, são realizadas pequenas incisões (cortes) no abdômen, por onde é passada uma câmera e os instrumentos para a realização da cirurgia. O procedimento segue praticamente os mesmos passos da cirurgia tradicional. As vantagens são a estética (cortes menores e mais discretos) e uma recuperação pós-operatória mais rápida. A indicação pela cirurgia videolaparoscópica ou tradicional deve ficar a cargo do cirurgião que vai realizar a cirurgia e depende de uma série de fatores. Nem todos os pacientes podem ser operados por vídeo, e, se for encontrada alguma indicação durante o procedimento, a cirurgia videolaparoscópica pode ser convertida para a tradicional.Uma parcela pequena dos pacientes pode apresentar diarreia após a cirurgia, a qual é devida a uma fase de adaptação do organismo à ausência da vesícula biliar. Geralmente essa fase dura algumas semanas, retomando a normalidade depois. Em caso de persistência das dores após a cirurgia, o fato deve ser relatado em consulta, para o cirurgião. Outras complicações são infecção das feridas, sangramento com formação de hematomas e, em raras ocasiões, necessidade de rebordagem cirúrgica para revisão ou tratamento de complicações.
DOUTOR,QUANDO A CIRURGIA PARA RETIRADA DA VESÍCULA NÃO É INDICADA?
Em algumas situações, o cirurgião pode optar por não indicar a cirurgia da vesícula, pois nem todos os casos tem indicação cirúrgica. No entanto, essa decisão cabe ao cirurgião e deve ser discutida detalhadamente com o paciente.Trata-se de uma cirurgia de risco intermediário a baixo, porém, como todo procedimento cirúrgico, por mais simples que seja, apresenta seus riscos.
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