O Valor da Atividade Física
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No Endocard News de hoje, Dr. Gleberson, fala sobre O Valor da Atividade Física como forma de melhora da qualidade de vida e prevenção de doenças em geral (em especial das doenças cardiovasculares), o que já está bem estabelecido atualmente.
Muitos pacientes buscam esclarecimentos e orientações em relação à prática de atividades físicas nas consultas.
Doutor, qual a diferença entre esporte e exercício físico ou atividade física?
Exercício físico é realizado com a finalidade de exercitar-se e, esporte, é uma atividade física que envolve competição, há um embate, com a finalidade de vencer. Então, é diferente de fazer atividade física, onde você faz exercício sem objetivar competição ou vitória.
É importante lembrar que a medicina no mundo inteiro incentiva a atividade física. Atualmente, o esporte está sendo feito com cada vez mais intensidade, com dificuldades crescentes, aumentando o risco para todo o corpo, tanto ortopédicos como cardiológicos.
O sedentarismo é uma realidade dos dias atuais, sendo considerado um problema de saúde pública. Qual o panorama do sedentarismo na população brasileira atualmente e quais os aspectos mais relevantes?
Recentemente, o Ministério do Esporte divulgou uma pesquisa, que concluiu que pouco mais de 42% da população brasileira é sedentária. O estudo contínuo do IBGE, conhecido como Pesquisa Nacional por Mostra de Domicílios (PNAD), mostra um dado ainda mais grave: apenas 27,1% dos homens com mais de 18 anos praticavam o nível recomendado de atividade física no lazer, enquanto nas mulheres, este percentual ainda foi pior, de 18,4%.
Ou seja, os sedentários eram 72,9 % dos homens e 81,6% das mulheres. A média de ativos brasileira foi de apenas 22,5%, incluindo a área urbana e rural do país. Ou seja, 77,5% da população não pratica o nível recomendado de atividade física no lazer.
O porcentual de adultos que praticam o nível recomendado de atividade física no tempo livre tende a diminuir, com o aumento da idade. Isto pode ser observado nas proporções dos grupos de idade de 18 a 24 anos, em que 35,3% praticavam o nível recomendado de atividade física no lazer. Dentre os adultos de 25 a 39 anos de idade, a proporção foi de 25,5%.
Na faixa de 40 a 59 anos, esse porcentual foi de 18,3%, enquanto que, no grupo de mais de 60 anos, 13,6%. A prática recomendada de atividade física no tempo livre cresce com o nível de instrução. A PNAD divulgou que os idosos estão vivendo mais no Brasil.
Em 2013, dos 201,5 milhões de habitantes, cerca de 26,1 milhões eram pessoas acima dos 60 anos. Para especialistas, o bom humor e a prática de atividades físicas contribuem para a longevidade. A prática regular de exercícios físicos ou esportes é considerada como fator de proteção à saúde das pessoas.
O nível recomendado de atividade física no lazer é de, pelo menos, 150 minutos semanais de atividade física, de intensidade leve e moderada, ou de pelo menos, 75 minutos de atividade física de intensidade vigorosa.
Alguns exemplos de atividades físicas de intensidade leve ou moderada são: a caminhada, a musculação, a hidroginástica, a dança e a ginástica em geral. Como exemplos de intensidade vigorosa estão a corrida, os esportes coletivos em geral, a ginástica aeróbica, entre outras atividades que aumentem a frequência cardíaca muito além dos níveis de repouso.
Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), ser ativo é: praticar esportes, tais como futebol, basquete, ginástica aeróbica, corrida (inclusive em esteira), tênis ou outros, durante pelo menos três dias por semana, com duração diária de 20 minutos ou mais; ou caminhada ou outra modalidade de exercício físico ou esporte, durante pelo menos, cinco dias por semana, com duração diária de 30 minutos ou mais.
De que forma uma avaliação médica prévia pode diminuir os riscos da prática de atividades físicas?
Um estudo científico publicado recentemente (RACE) mostra o que aconteceu nas últimas Maratonas de Paris, de outubro de 2006 a abril de 2012, partindo de algumas premissas interessantes e que servem para todas as corridas de performance elevada.
Os principais problemas encontrados em corredores são o infarto do miocárdio em atletas com mais de 35 anos e, abaixo dessa idade, uma doença genética chamada de cardiomiopatia. Diferentemente do que acontece no Brasil, para a Maratona de Paris é exigido um atestado de saúde, do qual o médico que assina passa a ter importante responsabilidade.
Mais de 90% das mortes que aconteceram em corridas em todos os cantos do mundo poderiam ter sido prevenidas, apenas com uma simples e eficiente avaliação médica competente.
A avaliação médica prévia compreende consulta clínica, eletrocardiograma e teste ergométrico, que por exigência do Conselho Federal de Medicina e da ANVISA, têm como obrigatória a presença de um médico em sala. Além disso, é preciso fazer as dosagens laboratoriais dos níveis de açúcar, gorduras sanguíneas e função renal.
Outra importante ação é a presença obrigatória de equipes treinadas e preparadas, com equipamentos próprios, para atender emergências médicas, em vários pontos de uma prova de corrida. Nunca se deve praticar atividade física sem avaliação clínica competente, de um médico e também sem a orientação de um profissional de educação física ou de um fisiologista do esporte.
Alerto para que se protejam, evitando os blogueiros e professores sem formação universitária específica na área da saúde.
Com a chegada do verão, muitas pessoas buscam atividades físicas aquáticas como forma de se refrescar e se exercitarem. Quais as orientações em relação aos esportes aquáticos?
Ao contrário do que muita gente pensa, as atividades aquáticas não são restritas às pessoas de idade ou com lesões. Na água, o esforço é maior, portanto, associar atividades aquáticas aos treinos de musculação traz resultados positivos para o corpo e a saúde do coração.
A natação é um dos esportes mais completos, porque auxilia na perda de peso, corrige a postura, melhora a capacidade respiratória, aumenta o condicionamento físico, entre outros benefícios. Mas, quando falamos de esportes ou atividades aquáticas, existem diversas modalidades para quem pretende praticar exercícios físicos e se refrescar ao mesmo tempo.
A vantagem de praticar esportes na água é, acima de tudo, a redução de todo e qualquer tipo de impacto.
A pressão da água durante a atividade física também exerce um papel importante na circulação e favorece a drenagem linfática. Isso significa que atividades aquáticas podem melhorar a circulação sanguínea, além de prevenir e melhorar os inchaços e as celulites.
Entre os benefícios para quem adere à prática esportiva na água estão o aumento da resistência física e cardiopulmonar, assim como uma eficiente melhora da coordenação motora.
A natação mobiliza o organismo como um todo, em um trabalho que envolve força, resistência muscular e estímulo cardiovascular aeróbico, além de ser uma atividade relativamente segura – já que o impacto é mínimo no ambiente aquático.
A realização de um check-up antes da atividade física é de extrema importância para a saúde do atleta. Quando realizamos o check-up podemos identificar possíveis problemas cardíacos e realizar um tratamento adequado no esportista, antes mesmo de fazer uma atividade que não condiz com a sua saúde.
Em alguns casos, o atleta não sabe que possui um problema cardíaco e, quando inicia o exercício, sente dificuldades, o que pode acarretar diversos riscos à saúde, como infartos, arritmias, entre outros.
As corridas de rua, nos dias atuais, se tornaram uma verdadeira febre na população em geral. Quais os aspectos relevantes em relação a esta tendência?
Quem corre sabe: apertar o passo exige que o coração aumente o fluxo de sangue para todo o corpo. As fibras do músculo se fortalecem e as cavidades cardíacas aumentam. Dessa forma, ele bombeia mais sangue com menos batidas, tornando-se mais eficiente.
Está aí a forte relação entre o coração e a corrida – comprovada por vários trabalhos científicos que mostram o valor do exercício na prevenção de doenças cardiovasculares. Um recente estudo britânico constatou que a prática regular de atividade física ajuda a proteger o coração, ainda que iniciada tardiamente, após os 40 ou 50 anos.
O trabalho, publicado na revista científica Circulation, mostrou que pessoas que fizeram duas horas e meia de atividade moderada por semana apresentaram índices menores de marcadores inflamatórios no sangue. A presença deles em grande quantidade é associada a um aumento nos riscos de problemas cardiológicos.
Os especialistas costumam dizer que a corrida, apesar de não ser uma vacina contra doenças, prepara você para superá-las com mais facilidade.
Soma-se a isso o fato de que quem mexe o corpo estimula o próprio organismo a liberar substâncias que proporcionam sensação de bem estar, tendo um comportamento mais alegre, o que deixa a convivência social mais fácil e gostosa.
Muito obrigado Dr. Gleberson, pelos esclarecimentos de grande importância e serventia, e também pela participação no Endocard News!!!
Dr. Gleberson Estevam Castro, faz parte do corpo clínico da Endocard Medicina Diagnóstica. Agende já sua consulta!
Dr. Gleberson Estevam Castro
Especialista em Cardiologia pelo Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo
Métodos Gráficos Diagnósticos e Reabilitação Cardíaca pelo Hospital Dante Pazanesse
Cardiologista do Hospital Universitário de Taubaté
Cardiologista da FAB (Força Aérea Brasileira)
CRM nº 125559